Estamos a poucos dias do lançamento de um dos addons mais aguardados para a nova geração de simulação. Com a chegada prevista para o dia 18 de dezembro de 2025, a equipe de desenvolvimento começou a divulgar a série de “showcases” sobre o PMDG 737 MSFS 2024.
Em uma postagem recente no fórum oficial, Mathijs Kok apresentou a “Parte 1” das funcionalidades, cobrindo sistemas de A a C (Air Conditioning, Anti-Ice, Avionics, Auto-Flight, Brakes e Cabin). A promessa é clara: o núcleo de uma boa aeronave no MSFS deve ser a simulação de sistemas que rodam “por trás” do modelo visual. Confira abaixo a análise detalhada do que os comandantes virtuais encontrarão nesta nova versão.

Profundidade no Ar Condicionado e Anti-Gelo
A simulação térmica recebeu uma atenção especial. A temperatura da zona dianteira da cabine mudará dinamicamente se as portas estiverem abertas e a temperatura externa (OAT) diferir significativamente da interna. O sistema modela a estabilização da temperatura baseada no volume de ar fornecido, temperatura ambiente e aquecimento solar.

Um detalhe imersivo é o uso das conexões de solo (Ground Connections). Se você solicitar ar condicionado ou aquecedor externo, o ar condicionado entrará na cabine através do mix manifold, exatamente como na aeronave real. Além disso, os modos de controle de temperatura (automático e manual) estão totalmente modelados, seguindo a lógica de gerenciamento da Boeing para conforto fisiológico dos passageiros.
No sistema de Anti-Ice, a fidelidade continua. Em solo, em dias quentes, será possível notar os aquecedores de janela ciclando (ligando e desligando) para manter a temperatura alvo. Uma novidade interessante para o walkaround no MSFS 2024 é a simulação de falhas visíveis: um aviso de OVERPRESSURE no engine anti-ice indicará pressão excessiva. Ao inspecionar o motor externamente, você poderá ver a válvula de alívio de alta pressão aberta, ventilando o excesso para a atmosfera.

Aviônicos e Lógica de Cockpit
A PMDG reforça que aviões modernos são máquinas complexas com tempos de reação específicos. No PMDG 737 MSFS 2024, chaves e botões têm atrasos realistas. As luzes indicadoras não acendem instantaneamente; elas levam um momento para refletir o novo estado do sistema.
Seguindo a filosofia da Boeing de evitar alertas transitórios ou incômodos (nuisance alerts), muitos sistemas possuem atrasos intencionais (variando de 1 a 60 segundos) antes de disparar um alerta. Isso significa que você pode ver uma luz acender no switch de um sistema antes que a mensagem de aviso apareça no display, um comportamento que simula corretamente a lógica real.
Outros destaques incluem:
- Deriva do IRS: A variação do tempo de alinhamento baseada na latitude é simulada (quanto mais perto dos polos, mais demora).
- Unidades Automáticas: A seleção entre InHG e HPA é automática baseada na região geográfica (ex: iniciando nos EUA ou Japão, o sistema seleciona InHG).

O Complexo Sistema de Auto-Flight (AFS)
Talvez a parte mais densa desta atualização seja o Sistema de Voo Automático. O Speed Trim System (STS) está totalmente funcional, trimando a aeronave após a decolagem se a velocidade exceder o comandado no MCP.
A dependência do piloto automático (AP) e do Diretor de Voo (FD) em relação ao IRS (Sistema de Referência Inercial) é crítica. Se o IRS não estiver alinhado ou falhar, o comportamento do AP muda drasticamente. Por exemplo, modos laterais baseados em trajetória (LNAV, VOR/LOC) exigem que o IRS do mesmo lado (on-side) esteja em NAV.
Realismo Elétrico e Hidráulico no AP
O AFS requer energia ininterrupta. Uma perda de energia AC por mais de 0,5 segundos desconecta o piloto automático. Se a falha durar mais de 7 segundos, o Diretor de Voo também para de funcionar. Além disso, ao engajar o modo CMD, há um atraso real para pressurizar os atuadores hidráulicos do FCC (Flight Control Computer).
Proteção e Falhas Físicas
A PMDG modelou até mesmo danos físicos aos controles. Se o piloto automático estiver engajado em modo CMD e o piloto virtual aplicar força excessiva no manche (simulando os 110 lbs reais), o pino de cisalhamento (shear rivet) quebrará, danificando o FCC e impedindo o reengajamento daquele piloto automático.
O sistema de Autothrottle (AT) também segue lógicas rigorosas de desconexão (ex: diferença de empuxo entre motores < 2000 lbs, reversores travados, etc.). Em situações de quase estol, a aeronave aplicará múltiplas ações de recuperação, incluindo aumento de empuxo, nose-down trim e até a ativação do módulo elevator feel shift para aumentar a força na coluna de controle.

Trens de Pouso, Freios e Cabine
A física de frenagem foi aprimorada. Os freios estão sujeitos à absorção de calor (brake-temperature soak), onde a temperatura continua subindo após o uso intenso. Curiosamente, a simulação respeita o fato de que discos de freio quentes oferecem a melhor performance de frenagem. O sistema Anti-Skid mitiga derrapagens e aquaplanagem, monitorando cada roda independentemente.

Por fim, a imersão na cabine de passageiros conta com o Boeing Sky Interior. O painel de controle dos comissários é funcional, permitindo selecionar cenas de iluminação específicas para cada fase do voo, como Embarque, Cruzeiro, Refeição e Nascer/Pôr do sol.

Resumo e Análise Editorial FlySimBR
A PMDG continua a elevar o padrão de “study-level” ao trazer para o MSFS 2024 lógicas que muitas vezes passam despercebidas pelo usuário casual, mas que são essenciais para a operação real. O destaque desta prévia é, sem dúvida, a modelagem de “atrasos” e “falhas por força física” (cisalhamento no manche). Isso demonstra que o PMDG 737 MSFS 2024 não é apenas uma portabilidade visual, mas uma evolução que aproveita a nova física do simulador para punir ou recompensar o piloto baseando-se em procedimentos reais da Boeing. A inclusão de inspeções visuais externas para falhas de sistemas (como a válvula do anti-ice) é um uso brilhante do recurso de walkaround do novo simulador.

